domingo, 19 de setembro de 2010

Longing for Tomorrow brazilian tour 2010

Falávamos demais dessa tour na Alemanha. Estávamos ansiosos, e acreditem, eu estava também ansiosa de vir ao Brasil a trabalho. Mas por vários fatores, eu tive que vir dois meses antes.


Infelizmente, não pude estar até o final, a tour ainda até hoje, domingo, último show, e eu já estou em Vitória, gripadíssima, e trabalhando no meu projeto.
Os encontrei depois do feriado do 7 de setembro, em São Paulo. Reencontrar meus amigos foi a melhor parte, senti muita falta desses alemães atentados.
A palavra que mais ouvi foi Habibs! Habibs! Até eu estava sentindo falta, afinal, 6 meses longe de São Paulo, aonde mais eu poderia comer esfirras de espinafre com catupiry???
Ao menos na Alemanha tem verggie burger! O vegetariano do Mcdonalds! Comi uns 50 lanches desse lá, e ainda assim perdi uns 5 quilos... ganhei tudo passando 2 meses na casa da minha mãe nessa volta!


Quarta, dia 08/09


Nos encontramos na EM&T, na Conceição, onde gravaríamos um show pra TV do Terra. O grande amigo e editor do Terra Luiz Gallo aguardava preparando o equipo pra gravação. Ele me convidou pra, além de fotografar, fazer a entrevista pro Terra, já que eu conhecia os meninos, e tinha mais afinidade. Super topei, apesar de morrer de vergonha, nervoso, e ter vontade de rir cada vez que olhava pra cara deles. haha Mas deu tudo certo.
De lá fui com equipe e banda pra São Caetano. Matando saudades de tudo e todos. Fiquei hospedada na Steh, perto do alojamento dos meninos na casa do Cartman. Muitos dias no Cartman sem privacidade seria complicado. Já me habituei a estar entre meninos, mas tem hora que cansa. E foi bom colocar tanta fofoca em dia com as meninas.
Fomos pro Studio 31, do Denis, e lá ficamos conversando e passando o tempo. Resolvemos andar, ver os bares, e na volta, o Cartman me deu a chave do carro e deixou irmos pro Milo. O Supp, manager do LFT, conhece São Caetano melhor do que eu!
Até que estava legal, mas eu estava preocupada com o carro emprestado, e do dead line pra voltar que o Cartman deu.
Chegando na Steh, galera ainda acordada, mulherada fofocando até tarde, dormi quase de manhã. Dormi também até 15h. Oh shit!







Quinta, 09/09

Seria day off, deixei o equipo no apartamento, e fui com a Tops pra Cartman's house. Demos tantas voltas, não lembro de jeito nenhum o caminho!
Damian queria fazer mais uma tattoo, então ele, Christian, eu e a Tops fomos pro estúdio. E definimos de lá ir pra churrascaria... é, os meninos queriam que eu fosse numa churrascaria, vegetariana que sou, e ainda queriam fazer meu "meat day". Deixei eles sonhando com isso! É ruim hein! hahaha
Demoramos muito mais do que imaginava no estúdio. O Damian não sabia o que fazer, definiu os desenhos no local, foram duas tattoos, e enquanto isso nos divertíamos fazendo vídeos com a câmera do Christian. O resto do pessoal chegou no estúdio quando ainda terminava a primeira tattoo.
Todos mortos de fome, resolveram ir esperar na churrascaria na frente. Lá fui eu.
O rodízio tinha de tudo. Mas tanta salada, macarronada, comida japonesa, onion rings, queijo... acabei me rendendo, e conversei com o metre "não como carne, como faz?" Os meninos filmando eu sentada lá, no meio daquele desfile bizarro de pedaços de carne sangrando.
De barriga cheia, hora de decidir o que fazer. Não tinha carro, então eu me propuz guiar de trem até a Augusta, onde o capilé, do Sugar Kane, iria discotecar. A convite dele, resolvemos ir pro Inferno Club.
Supp queria ir, e o resto não estava muito certo. Eu sei que o Supp sabe se virar bem em São Caetano, mas era muito longe pra ele ir sozinho, queria ensinar o caminho pra numa possível volta, ele saberia se virar. Convenci o grupo a irmos todos juntos, e fomos.
Tour de trem e metrô pela cidade, caminhamos pela Augusta, e a festa estava vazia, mas foi legal rever os amigos. Quando íamos embora, o baterista havia sumido. Depois de um tempo procurando, o segurança o encontra dormindo atrás da bateria! WTF? haha
Enfim, todos pra casa.

Sexta, 10/09

A banda tem gravação da UP TV. Foi engraçado, muitos amigos participando com perguntas inusitadas haha Não, eu só assisti.
Depois, fui direto pro Studio 31, onde rolaria depois show e festa. Antes do show, fugimos pro Habibs. Quando falei a palavra Habibs, lembro que o David já se manifestou "eu te sigo quando você for!" haha Fomos todos. Comi muito!
Perto do Habib´s estava rolando uma balada teenager, muita garotada com roupas coloridas. Juventude marota!
Voltamos, rolou entrevista do LFT e No Lie antes dos shows, pro 107 HC. Os shows foram muito bons, a luz do estúdio renderam boas fotos.
Dei muitas risadas, foi divertido, e bom rever mais amigos que gosto muito e não via fazia tempos!
Metade da banda foi embora comigo antes, estávamos muito cansados. Minha amiga e fotógrafa Sabrina nos deu uma carona, fazendo uma festa no carro no caminho! haha
Enfim, cama.




 
Sábado, 11/09

Sair da cama não foi fácil. Eu teria gravação do meu projeto musical em São Paulo durante o dia, e o Christian iria fazer o vídeo. Mas nosso amigo Cello Zero ficou muito doente, sendo impossível gravar. Foi bom pra descansar mais, editar umas fotos e checar a internet. De noite iríamos pro show na Outs, Rua Augusta, com o Sugar Kane.
Tirando umas pessoas loucas pela banda que ficaram agindo de maneira estranha, o show do LFT foi muito legal, cheio de gente que foi mesmo pra vê-los, e cantando em alemão junto! Se sabem o que significa, não sei, mas era muito bonito de ver.
O David erro ou passo quando andou pra trás, e caiu do palco. Foi tão rápido que nem eu e nem o Christian com a filmadora na mão vimos. Não deu pra registrar. Resultou em menos um botão da guitarra, e um nariz sangrando!
Show do Sugar Kane não machucou ninguém, e foi muito bom também. Fazia tempo que não assistia um.
Depois do show, Supp e Damian ficaram com amigos locais, e nós voltamos pra casa do Cartman. Sairíamos cedo pra Curitiba de lá. Segunda noite dividindo a cama com o Cartman, que pra minha sorte, não ronca. Mas o Supp dormia no mesmo quarto, e ele é um trator! hahaha Como ele não dormiu, eu consegui dormir!

Domingo, 12/09

Acordei com o sobrinho do Cartman fazendo serviço despertador, mandando todos irem pro banho que estava na hora! Quase dormi embaixo do chuveiro. Arrumei tudo, e fui comer, quase dormindo na mesa do café. Chega a van, e claro, no caminho não consegui ficar muito tempo acordada. Eu estava com um humor estranho, meio abobada de tanto cansaço. Mas no fundo, eu estava um pouco chateada. Em breve os meninos voltariam pra Alemanha, em novembro terá o festival da Unpopular Disclose, e eu trabalharia nele. O No Lie e o Sugar Kane estarão, e o Supp comentou "todos os que estão aqui vão, menos a Mel.." puxando minha orelha... é, é questão de escolha. Eu voltaria em Outubro, mas resolvi voltar só em janeiro, pra poder realizar um projeto que sonho aqui, e aproveitei pra fazer um curso até dezembro, e tratamento dentário até janeiro. Vocês não tem idéia de como isso é caro lá! Vou pronta, com saúde, e com um projeto que me realiza, e meu curriculum melhorado. Muitos festivais virão!

Os shows forão muito bons. No No Lie fiquei triste que não ajustaram uma iluminação legal. E eu que tive que ir me ajustando com as fotos. Mas os meninos mandaram muito bem.
No show do LFT, o público respondeu muito bem. E em um momento em que eu estava fotografando de cima do palco, Samuel, o baixista, divulga o myspace da banda. Eu imaginei que ele falaria que as fotos estavam no meu site, como conversamos antes, mas ele diz que vai dedicar a música a uma pessoa que eles amam muito, que os ajudou muito, nem pensei que seria pra mim. Quando falou meu nome, nem sabia que eu estava perto dele. Quando ele me viu me mostrou pro público, e fui bem aplaudida. Fiquei feliz com o reconhecimento. E morrendo de vergonha quando ele pediu pra eu ir pro microfone. Agradeci de longe mesmo, travei. hahaha
O camarim desse show era repleto de guloseimas e bebidas, comi um monte de coisa gostosa, com minha alma de gordinha, e os meninos relaxaram com cerveja bem gelada e bem servida no Hangar em Curitiba.
Antes de ir embora, a clássica foto com todos juntos. Muitas figuras inusitadas em Curitiba, e muita gente bacana, adorei.
Não dormiríamos mais em hotel, porque o motorista teria que voltar e estar segunda, então foi bate e volta mesmo. Cansativo. Mas valeu.

Segunda, 13/09

Cheguei podre, fez muito frio na viagem, e de dia estava calor em São Paulo. Não aguentei, e acabei dormindo mais quando chegamos no Cartman. Pouco tempo, banho, e almoçamos juntos. Eu iria embora de noite pra Vitória. Já estava no ritmo de despedida. Eles ainda seguriam por mais uma semana, mas eu não teria como mesmo, e alguns shows foram cancelados, não precisariam do meu trampo, e eu não poderia perder a semana de trabalho em cima do meu projeto com apenas dois shows por vir.
E ainda peguei uma campanha pra trabalhar. Ano eleitoral, recebi muitas propostas de candidatos e tive que escolher o que mais acredito na seriedade.
A Sabrina foi me buscar, e fiquei de coração apertado quando me despedi de todos. Quando vi que meu amigo Samuel ficou no portão até o carro sair, deu um nó na garganta. Foi uma das pessoas que mais me deu força na Alemanha, e com quem mais gosto de conversar. É uma pena que mês quem vem não estarei lá quando seu filho nascer.

Saímos às 18h, e ainda assim cheguei só às 20h40 no aeroporto de Cumbica!!! Saí correndo, mas não deu tempo de pegar o vôo.

Quando fui trocar, descobri que, quando pedi informação sobre adiar passagem no atendimento online, a pessoa que me atendeu trocou minha passagem pro dia 21! Eu não havia autorizado, e mostrei isso. Só teria vôo pro dia seguinte, então não foi cobrado a troca pelo erro do companhia, e indicaram um hotel pra eu passar a noite. Nossa, seria muito merecido, super topei ficar em hotel.
Indicaram um agenciador, que veio fazendo mil propagandas do hotel, que era 4 estrelas, e que o outro que indicaram era uma pensão, e não tinha internet. Eu precisaria muito de internet. A van me levou. Indo dessa maneira, você ganha um mega desconto num hotel de alto nível. Mas quando cheguei, o hotel não tinha nada demais. Entrei meio desconfiada, paguei, e quando pedi a senha da internet, não estava funcionando, já me irritei. Quando cheguei no quarto, lembrei do agenciador falando que o outro seria uma pensão... hein? Na mesma hora desci, pedi o dinheiro de volta educadamente, e conversei com o rapaz que trabalhava no transporte, e seu amigo me indicou outro hotel perto. Eu teria que voltar até o aeroporto, e voltar pro hotel, mas pra tudo se dá um jeito com educação.

Chegando no segundo hotel, até a entrada já me fez sentir melhor. Suíte merecida pra tanto cansaço. Banho relaxante, e sono profundo depois de muitas guloseimas. De manhã mais banho, café reforçado, van na hora e peguei meu vôo. Estava bem, mas não teve jeito, cheguei já doente em casa, mal desci do avião nesta cidade abafada, comecei a tossir. Tô podrida!

Mas valeu a pena!!! Fotos? Confere aqui, e no FLICKR!



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Euro mess!

Durante minhas viagens eu costumo escrever muitas coisas (na verdade começo a escrever, e nunca termino!), e demoro demais para postar. Acho que agora tomei vergonha na cara e vou virar gente grande, ter disciplina e postar com uma periodicidade regular. Agora, toda semana ao menos algo novo, nem que seja uma frase, e uma foto. Mas agora, vou postar aos poucos os textos dos últimos meses. Espero que se divirtam, e boa viagem!

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Eita Itália!

Ok, comprei a passagem. Dois dias antes a minha "amiga" me escreve pedindo desculpas, porque teve vários problemas, e nao poderia me ajudar, e ainda o carro quebrou, e não poderia me buscar pra me deixar em um albergue ao menos, nem me hospedar, pra eu pegar um trem até um albergue.
Ela escreveu friendly, dizendo para nos encontrarmos depois, e sair. Hum... acho que não!

Cheguei em Milano, e peguei um trem até o Centro. Uma menina me ajudou a chegar no metrô, e ainda pagou meu bilhete. Achei que os italianos fossem solícitos depois disso. Mas depois vi que essa menina seria uma em mil. É o povo menos gentil que conheci entre os 12 países que já passei. Não conheci bem os belgas e os chechenios, mas tenho certeza de que são mais educados.
Cansei de ver idosos e mulheres com bebês no colo se sacudindo no metrô, e ninguém se mover pra levantar e ceder lugar.
E são mesmo ignorantes. Claro que não se pode generalizar, conheci muita gente boa. Mas definitivamente nao curti Milano.
É uma cidade, como dizem, de um dia só. Eu entendi bem porque. Em um dia, você visita todos os principais pontos turísticos, come na praça da Duomo, onde tem uma linda catedral, e o melhor sorvete do mundo, e depois, não tem mais nada pra fazer em volta. Só passar raiva... hahaha Tá, esse lugar me deixa mal humorada. Mas tem lugares lindos pra fotografar!








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De volta à Germania.

07-05-2001

Tantas fotos pra editar que chego a ficar cansada só de olhar, mas me empolguei e acelerei bastante. Os russos nao param de escrever pedindo. Já tem muita coisa no myspace do Longing for Tomorrow e no meu Facebook. Acabei de me mudar de casa, e agora moro em Geilenkirchen, uma cidade um pouco maior que a que morava antes, porém ainda pequena. Como um amigo aqui diz, moro no arschdewelt. dewelt = do mundo, arsch=.... hehe

Estou gostando muito de morar aqui, meu quarto fica no andar subterrâneo, e da janela vejo uma escadinha de plantas, que acaba no jardim. É lindo.

Agora preparando as coisas pra ir pra Itália. Eu tenho que chegar até Torino, mas como não conheco ninguém por lá, só no Sul, falei com uma alemã que conheci na Suíça, que foi minha instrutora de esqui e mora em Milano. A gente se fala por e-mail, então avisei que iria pra lá, e não sabia por onde chegar, onde ficar, totalmente perdida, porque iria sozinha. Ela disse que eu poderia voar até Milano, dormiria na casa dela, e no outro dia ela me ajudaria a chegar em Torino, ver o trem, e o que fosse necessário. Itália, aqui vou eu!

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Pós Rússia.

06-05-2001

Estou maravilhada. A Rússia é realmente um país que as pessoas bebem vodka que nem água, e não dormem. Festa, festa e mais festa. O lema deles é „beber, beber, beber e não dormir!“ Aliás, um russo ficou falando isso a noite toda no primeiro show da tour, e quase toma um cascudo do produtor da nossa banda haha.
Os rússos sao incríveis! Sao muito carismáticos, e cercaram a gente como se fossemos pop stars! haha vendemos todo o merch em 4 dias, todas as 60 camisas, e faltou no 5° show, em Moscou, último da tour. Aliás, Moscou é uma cidade que me impressionou muito.
Já preciso dizer que cometi um erro muito grande, e que vou reparar ano que vem, quando for pra Rússia outra vez: quando fomos pra Praça Vermelha, minha câmera estava na bag junto com os equipamentos da banda, e não levei comigo. Nunca me arrependi tanto na minha vida! Não sabia que acabaríamos lá tarde da noite, depois de beber tanta vodka....
E SIM, eu cumpri o trato, e saí do jejum dos últimos anos. Confesso que já havia provado uma cerveja na Holanda, e um shot de tequila rosé na Suiça (porra, tequila rosé, nunca havia visto!), mas na Rússia, eu bebi que nem gente grande com os meninos da banda russa que fez a tour com a gente. Fui forçada, ok? Resultado, nem frio eu estava sentindo andando nas ruas de Moscou.
Depois de comer batata frita (pedi em russo!) no Mcdonalds que fica na frente na estátua do Lenin (mas que ironia!!), sentamos na praça e eu tirei um cochilo de dez minutos, sentada, abracando os joelhos. Estava tonta e cansada. Ufa, acordei, e fomos andar. Conheci um alemão que falava russo e inglês muito bem, e ele conseguiu fazer o guardinha deixar eu entrar no prédio que tem um monumento com uma chama que fica acesa 24 horas por dia. Ele disse que eu era brasileira haha Tinha um monte de gente perdida naquela praça que foi se juntando a gente, quando vimos, tinhamos um grupo de jovens de todos os lugares.
Fiquei rindo com ss russas dizendo que são loucas pelos morenos do Brasil. Garotos que gostam de loiras de olhos claros, se preparem! E as russas são muito bonitas, eu me sentia feia lá quando passavam aquelas meninas de mini-saia e salto alto, mesmo com o frio. Elas usam muito salto, e saias muito curtas em geral.
Mas como o meu interesse é nos homens, eu tenho que dizer que achei a Rússia o oposto da Alemanha, nesse quesito. Tem mais mulher bonita que homem na Rússia... ainda bem que eu voltaria pra Alemanha! Mas vi muita gente bonita sim. Oh...

Bom, nao fui pra fazer pesquisa de moda e beleza, fui pra fotografar shows, então, vamos às fotos dos shows de lá:








Se Deus é brasileiro, ele passa férias na Rússia, com certeza! Esse país acabou comigo! E sim, fiz amigos bebendo vodka, que certamente vou sentir saudades. haha

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À caminho da Rússia:

26-04-2001

"Fiquei ensaiando escrever todo esse tempo na Europa, já dois meses e não parei um minuto até agora. Aliás, muita coisa deixei fora de organização nesse tempo. Posso dizer que praticamente toda minha vida mudou, e eu tinha que administrar. E é como dizem, o escritor tem que primeiro perder tempo lá fora, vivendo, experimentando, pra poder sentar e escrever algo que viu, e não que contaram.
Largar tudo no país de origem e mudar pra outro lugar completamente diferente é uma atitude que requer equilíbrio. Se você no caminho sente algum despreparo, ou medo, isso pode atrapalhar muitos planos. É fato, depois de um mês bate mesmo uma angústia, e você se pergunta mil vezes „porque fiz isso?“ Mas depois vem a resposta „porque eu sempre sonhei com isso, e foi a melhor coisa que fiz!“.
No meu caso, fiz por várias razoes, sempre nelas, por paixão. Paixão pela minha profissão, por sair do Brasil, pela busca de algo novo, de aventuras, por me completar.
O problema foi que meus documentos atrasaram pra chegar na Alemanha (cidadania italiana) e ainda faltou um. Ou seja, depois de 60 dias, meu passaporte ainda não estava na minha mão, e teria que ou arriscar e espera, ou voltar pro Brasil, e depois vir e encarar a Itália.
Resultado: próxima semana, vou ter mesmo que ir pra Itália. Bom, viajar a Europa estava nos meus planos mesmo. Mas toda essa tensão fez muita coisa atrasar aqui, e a Alemanha é um país extremamente burocrático. Se eu estivesse em Londres por exemplo, já teria o passaporte em mãos.
Ah, se eu tivesse... talvez mudar o roteiro possa ter sido todo o erro, mas nada acontece por acaso, definitivamente. E a Alemanha me ganhou de vez! Não acredito que eu ainda vá querer voltar aos planos de me mudar pra Londres, apesar de ter todos os planos completamente traçados pra ir pra lá. Trabalho, moradia, deixei tudo pra lá, desisti de uma vida na terra da Rainha.
Bom, vamos às boas:
Estou agora dentro do avião seguindo pra Rússia com o Longing for Tomorrow, trabalhando em tour, fazendo o registro de imagens. Grandes expectativas pros shows, pro passeio, pra tudo. Estou centrada em fazer o melhor possível, muitas fotos não só dos shows, mas também do lugar.
Entrar na Rússia é ainda mais difícil do que entrar no EUA. Pra tirar o visto, é preciso além de tudo, de um convite interno, de alguém que trabalhe no país (registrado) e possa assinar convidando você à visitar. Ou por agência de viagem, em pacotes de turismo (caros).
E toda vez que falamos em Rússia, todos pensam na mesma coisa: Vodka!
Eu que não bebo já tive que prometer que vou tomar um porre disso em Moscow. Ok, eu fiz várias promessas de porres no Brasil, que eu não cumpri, mas dessa vez, talvez esteja mesmo precisando!
Estive na Holanda, que fica há 10 minutos de onde moro de carro, e não fumei nos Coffee Shops, o que todo mundo pensa em fazer primeiro quando chega lá. Mas garanto que isso não é tradição só na Holanda... então não é preciso ir longe pra experimentar iguarias psicodélicas.
Também fui ao México e não bebi tequila, talvez mais um motivo pra voltar pra lá! =)

Engraçado, eu nunca vi serviço de bordo que você tem que pagar por qualquer coisa que queria consumir... aqui é assim, passou o carrinho, e tive que pagar pro cafézinho! Bom, viajando e aprendendo..."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

How long, www!




Faz tempo que não atualizo meu blog, mas daqui pra frente tentarei ser mais assídua.
Agora tentarei atualizar todas as minhas páginas no Internet, das quais cada vez fica mais difícil de administrar, fotolog, flickr, orkut, myspace, facebook... agora que fiz o twitter, sinto mesmo que não tenho mais privacidade, são poucos os momentos que posso me esconder.
Eu sempre tive um certo problema com essa exposição excessiva sobre mim. Apesar de sempre trabalhar com Comunicação, sempre preferi estar nos bastidores. Estar com a cara a tapa às vezes me assusta. Não, não tenho medo de colocar a cara à tapa, pelo contrário, preciso me policiar pra não dizer tudo como penso. Só tenho um certo “instinto” de preservar minha individualidade. Sou estranha mesmo. rs
Talvez por isso não tenha essa gana por divulgar meus links absurdamente por todos os amigos, seguidores, flogers, blogers, whatever!
Mas agora, follow me!
Não me importo mais, acho que estou superando isso. É verdade, e quem me conhece há tempos sabe que eu nunca fui boa nisso. Por isso promovo os outros. Isso eu gosto de fazer. Mas quando é o caso de mostrar o que eu faço, quem sou eu, falar do meu trabalho e de mim, a coisa muda. Estou aprendendo essa arte sob pressão.
“Mel, você precisa se promover! Chega de ajudar tudo e todos!” Será mesmo???
Eu penso sempre em somar, agregar valores, ver resultados positivos pra todos. Mas estou convicta de que nem todo mundo pensa assim. A troca nem sempre vai ser 100% justa nesse ramo de business. Fico muito feliz quando encontro pessoas que avaliam melhor esses valores, que retribuem, e que me mostram pro mundo com o meu trabalho.
Estou, tardiamente, aceitando que devo expor o que existe em mim.
Que posso colocar no twitter frases sem sentido que estou pensando, que estou escovando os dentes naquele exato momento. E aquelas frases que só a gente sabe o que significa, e as pessoas do convívio ficariam se perguntando “será que é sobre mim?”. E depois ficamos conferindo os comentários, viramos escravos desse ciclo da era digital.
Algumas pessoas aproveitam os espaços na web pra fazer arte, mostrar sua arte, compartilhar. Outras estão tão ‘linkadas’ que não sabem nem mais se comportar ao vivo, não conseguem conversar da mesma maneira que conversam no msn. Textos e textos no messenger, e quando estão na rua, com as pessoas, pensam em emoticons.
Eu mesma estou tão habituada que quando estou me maquiando, eu imagino o photoshop, ajustando as minhas olheiras no Healing Brush Tool!
Nos limitamos à conversas frias, na correria da modernidade, entretanto, esse contato constante não permite que se perca a ligação com pessoas que não vemos porque não termos tempo pra estar no mesmo lugar, mas encontramos online em tempo real.
Mas perdemos o tato. E por mais exposição, não me sinto assim desprotegida, porque não conheço a proporção das coisas. Sei que se eu soubesse, me assustaria. São anônimos os que visitam nossas páginas, são educados os que fazem comentários, e sutis os que não te suportam e te desejam uma morte digital lenta e cruel. Esses fazem postagem com mensagens subliminares. Uma espécie de “não tenho coisa melhor pra fazer”.
Eu mesma já cometi “orkuticídio”, fiquei meses sem abrir o msn no mesmo período, com preguiça das pessoas. Mas hoje isso se torna uma morte social dentro e fora da web. Telefonar se torna ainda mais pessoal, já que há N possibilidades de se mandar mensagens. Então e-mails devem ser checados diariamente, ou então alguns remetentes se sentem ignorados!

E me acomodei a lidar com as pessoas de longe, daqui da tela do computador. Já me pego pensando no que vou postar enquanto estou no caminho pra casa. Nas pessoas que quero que leiam sobre meus anseios, minhas novidades, as pessoas que quero bloquear, e nos novos amigos que quero adicionar.
Mas a minha felicidade não está em receber um “oi” daquela pessoa no scrap. A janelinha piscando com aquele nome que vejo online sempre e não tenho coragem de puxar conversa, ou em mais de 100 comentários no fotolog.
Sim, adoro muitos comentários! Mas traz uma alegria efêmera. E o próximo post?
Se não se pode vencê-los, faça arte com eles. Se tiver que se expor, ao menos exponha o que tem de melhor...

Aproveitando, o novo twitter do meu estúdio é Luzine_studio. Sigam as novidades sobre a cena musical!!! eeehhhh \o/ =) =***

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A quem interessar possa...

Seria interessante se eu contasse toda a verdade sem pudores, porque pudor rege as pessoas, e qualquer desprendimento é interessante. O que há de bizarro nas pessoas é interessante. E a exposição de pensamentos íntimos e constrangedores tornam as pessoas ainda mais interessantes. Porém existem medidas. Se expor demais torna as pessoas, em um momento, desinteressantes. Ninguém quer saber, pois acabam os desafios. Então se eu revelar o que acho de cada pessoa, seja do meu convívio, seja público, se de fato isso interessasse pra alguém, eu seria ou extremamente interessante, ou passaria a ser uma interessada.
Não, eu não quero me interessar. Não quero saber, e tão pouco que saibam de mim mais do que equivocadamente pensam saber. Sou muita informação. Muitas interrogações pra sua cabeça.
Sou quem no fundo interessa ser, quem você quiser que eu seja. Sei quase todas palavras, ainda assim temo em verbalizar o que penso. E quando vem a dúvida, penso num palavrão. É hora de parar, não importa quem estiver olhando. Porque às vezes falo muito, e penso pouco. Mas meu silêncio é pura reflexão. Como dizia Nelson Rodrigues, se pudéssemos ler pensamentos, ninguém falaria com ninguém. Obviamente não porque não precisasse, mas porque o ser humano é sujo e imoral. Uns mais interessantes que os outros.
Uns lêem livros de auto ajuda, outros lêem Hilda Hist. Uns rezam pra se afastar do pecado, outros rezam pra chegar o momento de cometê-los, e ainda se arrumam pra isso.
Ode aos hipócritas que não agem como pensam. Meus reconhecimentos a quem se preserva às tentações. E não me interessa o que muitos pensam, pois MUITOS fazem uma massa, e não uma diferença. Quem é interessante sim, faz a diferença. Não busca, traz pra si.
Pra quem está lendo, muito prazer. Em tudo o que fizer, realize-se. Indiferente do que eu disser, siga em frente, seja melhor em tudo, porque eu sou. Não interessa? Ah, interessa sim. Quando for deitar e rever o dia, vai rir sozinho e se lembrar de mim. Dessas palavras sem nexo pairando no ar do vácuo dos seus pensamentos vazios, onde criará seus próprios pensamentos surreais como sonhos, onde se torna quem nunca és nos seus dias. A pessoa interessante que não sabemos ser.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"A retórica do transeunte da cena" é o meu êxito. Que se foda!




Às vezes, depois de tantos anos vivendo na cena musical no Brasil, tenho vontade de dizer que é tudo uma grande perda de tempo. Tem gente muito talentosa desperdiçada em meio a tanta futilidade. Gente que surgiu de lugar nenhum, e toma a arte como um meio de iluminação interior, e há quem não vai a lugar nenhum e pousa sob holofotes por achar ser a única maneira de ser visto. Gente que mal fala e escreve o português, sua língua de origem, e se aventura em se aproximar daqueles que vem d’outro lado do oceano com a excelência de um ilustre representante tupiniquim. Pior é a injusta batalha de quem estuda, gradua e gradua, se dedica, e tem que se submeter àqueles que mal sabem diferenciar letras, pontos e vírgulas. Produtores de meia tigela que não respeitam músicos que são graciosos ao manusear seus instrumentos tão bem polidos e afinados. Não sabem o valor de um contrato, o que dirá de manter sua palavra.
Entendo que em qualquer profissão já encaramos mal informados com postura de gigantes intelectuais, entendedores do assunto. No Jornalismo, ainda existem os “intelectualóides”. Na música, nem isso. Canso de ver meninos que nem chegaram aos 18 e se intitulam músico por tocarem alguns dó ré mi, batucarem melodias fáceis ou, embolam em 4 cordas, e levantam a cabeça pra falarem com veemência “sou macaco velho, sei tudo da cena”. Quando ouço isso, sinto vergonha. Sim, eu tenho ainda vergonha alheia. Eu me orgulho de gente nova que realmente se dedica, faz bonito e ainda assim sabe reconhecer o seu lugar.
Eu trabalhava em um escritório na mesma casa da sala do Ulisses, que é luthier há 20 anos, roadie do Ultraje e do CPM22, e realmente um virtuose na guitarra. Sei por ouvi-lo testando as guitarras que concerta enquanto fotografava alguém, ou trabalhava no computador. E ele sempre entrava na minha sala quando estava de bobeira e perguntava com o que eu estava trabalhando no momento. E entre as conversas, contava algumas dessas coisas que ouvi. Ele ria irônico, e dizia que trabalhar com moleque é foda, ainda mais com moleque que pensa que é músico, e ouvia as experiências dele. E ele ouvia as minhas, contava muita coisa interessante que estava fazendo, e ouvia dele onde eu acertava e errava. Ele respeita muito meu trabalho, viu muitas vezes a minha correria, viu o quanto eu suava pra fazer direito as coisas pra gente que não dava muita importância pra um trabalho rebuscado e detalhado. E ficava revoltado, falava pra eu mandar pra pqp. Ter o respeito de gente assim, me faz entender que estou no caminho certo.
Trabalhando com algumas bandas, mais que acostumada com aquele conflito de egos, alguns com pose de pomba pra mostrar pra única mulher que está no meio que é “o cara”, mas agem com arrogância quando ouvem de uma mulher algo que discordem. Isso sempre acontece, desde o começo.
E mesmo no meio de um turbilhão de trabalho e correria, ainda quero sempre estar no meio desse trabalho de louco até hoje.
Quando chego nas minhas aulas de canto, o Lyba pergunta se eu tenho ido ao otorrino, por não entender o porquê de eu estar ainda rouca, mesmo não fumando, não bebendo, nem água gelada, ser sempre cuidadosa. “Estresse, vai tudo pra garganta”. Quando conto como está o trabalho, ele diz que isso é pra eu lembrar de diferenciar músico de artista. Quem é músico, se mete a tocar e tocar cada vez melhor, e quem é artista, quer estar em evidência em qualquer lugar, mesmo fora dos palcos. E concluímos como isso acontece em todos os cargos que envolvem a arte. Os jornalistas, fotógrafos, toda mídia. Porque na verdade muitos jornalistas que escrevem sobre música são músicos frustrados, outros querem “gozar com o pau dos outros”, e outra parte gosta mesmo do que está fazendo, e entende pra valer do que escreve. O triste é que há muitos ainda que nem escrever sabem, e desrespeitam pessoas talentosas que chegaram onde estão com menos esforço, sem esquentar a cabeça, com educação, sem indicação.
Nessa correria conheci há poucos meses um jornalista bem mais novo do que eu, mas que eu tenho tomado como exemplo. Ele tem 23 anos, já ganhou prêmios, é cordial e educado sempre, e escreve extremamente bem. Até mesmo em espanhol. O Gallo é um rapaz que merece destaque, e todo o meu respeito e homenagem por todas as coisas incríveis que foi capaz de me dizer sobre se erguer diante da vida de jornalista.
Na minha primeira semana de paz depois de fechar o estúdio, me afastar de todos os meus trabalhos e pessoas, ficando reclusa dias em casa sozinha refletindo e escrevendo, breve férias na verdade, comecei a colocar em prática muitas dessas coisas que ouvi. E claro, minha voz ficou limpa do dia pra noite.
Voltei a seguir noite à dentro escrevendo, produzindo. Tratei todas as fotos pendentes, reli e refiz projetos antigos. E entrei em contato com todos os trabalhos interessantes que eu fazia e abandonei pra realizar o sonho de ser dona do meu trabalho. Hoje entendo como é difícil pra alguns chefes que eu tive tocar um veículo, um escritório, uma empresa. Mas entendo que eles existem pra eu ter liberdade de trabalhar pra eles quando quiser ou for necessário, e que não devem descontar nada em quem está ali pra apoiar. Não quero mais estar presa aqui, ou em qualquer lugar. Ainda adoro fazer as malas, e desafios, não sei viver de modo diferente. Tentei, juro que tentei. Mas como diz a Cica, “me dê quente ou frio, morno eu vomito” hahahaha. Antes tinha medo de tentar, hoje não tenho medo de nada nem ninguém.
“Tenho medo é da ignorância”. Tenho tanto zelo e medo de parecer ser ignorante, que não entendo quem não se preocupa em mostrar que sabe o que está fazendo.
Prefiro ficar uma noite inteira numa festa ouvindo Yuri bebendo e falando de Kafka, eu pago pra ouvir o Mister Lúdico falando de Krishna por horas numa festa da MTV. Até Humberto Finatti falando de seu trabalho numa balada eu encaro , afinal um jornalista brasileiro de verdade tem que sentir o glamour clichê do que lhe é boêmio ao menos uma vez na vida. Isso tudo é ótimo!
Mas tenho vontade de bater em alguém quando encaro gente que não respeita toda a trajetória de quem sabe o que faz, e ainda quer ser pedante comigo. Comigo não! Nem a minha mãe. E pra quem sabe o que ela representa e quem é no mundo acadêmico, entende bem do que estou falando. É, também sei ser pedante se preciso for. Ainda prefiro ser educada e tirar por menos, mas apesar de ter muita intensidade em me preservar a tudo, alguns dizem que sou brava mesmo. Sou, pra me distanciar de gente que só tende a invadir o meu espaço.
Se estou revoltada com alguma coisa? Ainda deixei dúvidas sobre isso? Porque eu procuro base em tudo o que vou fazer, fundamento, e quem não sabe o que fala, não entenderia isso. Falo do meu mundo profissional, cheio de transeuntes que vão passar e não vão se firmar, porque quem não tem competência, não adianta, não se estabelece.
Quando eu me graduei em 2003, estava já de saco cheio de escrever e falar de música (já tinha 5 anos de rádio), então como boa nerd que sou, resolvi escrever sobre Jornalismo e Literatura. Eu enfrentei uma fila de manhã cedo no setor de Estudos Literários da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) pra poder conseguir uma vaga como aluna especial no Mestrado de Estudos Literários, já que eu estava no 7º período da graduação ainda. Consegui e estudei um período inteiro a disciplina Teoria da Literatura I. Pra poder saber o que falar quando fizesse minha monografia. Não queria eternizar um texto falando bobagens. A gente faz isso muitas vezes nos trabalhos eventuais de sala de aula, mas quando é pra falar sobre algo, sempre me exigiram saber falar.
Então eu só abro a boca ou só me proponho a fazer algo que tenho segurança. E hoje eu nem tenho receio de dizer que sei fazer bem. Mas reconheço minhas limitações, e por isso estou em constante estudo. Só ainda estou aprendendo a fotografar. Ainda tenho vergonha de assinar a palavra “fotografia” na frente do meu nome. Mas estou começando a tentar, acho que já posso. Não é ironia, não uso ironias quando falo sério.
Só ainda tentei fugir da maldita música. Maldita sejam as orquestras, as bandas, as duplas, a batidas nas caixinhas de fósforo. Todos que ali estão, estão no mesmo espírito. Uma vez entendendo isso de verdade, você se vê como a própria música.
Acredito que desde os tocadores de arpa no Japão até quem toca dijiridu na Austrália já deve ter pensado assim. Mas desisti de fugir disso, sempre que tento, faço tudo mal feito.
Resumindo, é um caminho sem volta. Entra no sangue, faz falta. É como um namorado que a gente briga, e mesmo assim vai lá e casa com o sujeito. É uma “cena” ingrata, muitas vezes injusta, mas o amor é cego, a gente faz as pazes e comemora como o final feliz de um enlatado americano, com “The Impression that I get” dos Mighty Mighty Bosstones de fundo.

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Revirando o Baú



Nada melhor que amigos antigos para nos lembrar quem somos. Mas melhor ainda pra saber como mudamos, ou continuamos sendo os mesmos, é revirar projetos antigos. Todos temos arquivos perdidos no micro, ou papéis em caixas no quarto. Não tem tristeza que agüente o quanto é engraçado ver algumas anotações antigas, e lembrar como a gente flutua às vezes, como já tivemos idéias grandiosas, outras tão ridículas, e que algumas não entendemos porque não abraçamos na época.
Então eu posso dizer com propriedade que, se você se sente um pouco perdido, com vontade de ter acertos com você mesmo, a melhor coisa a ser fazer, que eu sempre digo aos amigos: arrume seu quarto! Mas não uma ajeitada como sempre, simplesmente coloque ele abaixo! Abra todas as gavetas, jogue fora o que realmente nunca usa e nem nunca vai usar. Mas tem coisas, que por mais inúteis que pareçam ser, te fazem lembrar. Lembrar de algo, de alguém, ou de como você era. Tente reservar um espaço só pra essas coisas. Uma caixa, ou um espaço na gaveta. Coisas que podem atravessar o tempo, mas sempre farão parte de alguma história sua, e que quando esquecermos de nós mesmos, olhamos e vamos rir.. rir da gente!
No dia-a-dia damos importância demasiada à coisas ínfimas, diante do nosso tamanho. Quando nos sentimos grandiosos, tudo em volta diminui. Quando nos encolhemos e retraímos, tudo em volta parece ser um gigante, e são plenos os problemas que seriam menores que sua auto-estima.
Uma frase que não esqueço, e que escutei em um dos últimos momentos que ainda estava perdendo forças diante de tanto trabalho e agitação dos meus dias, foi que eu tenho potencial pra muita coisa, mas era uma pena eu não acreditar em mim. Desde esse dia, parei pra refletir quão patética pessoa eu me tornara. Logo eu que não medira esforço algum para alcançar a altura que eu estava me equilibrando, esqueci de como foi o caminho no todo, só por conta do último tropeço que feriu meus pés. Uma caminhada pode ter percalços, nem por isso o caminho não continua sendo o mesmo.
Tudo isso pode soar clichê, mas a vida é um imenso de ja vú, cansamos de ver as mesmas cenas, e ainda assim conseguimos esquecer as mais importantes lições quando mais precisamos. Esquecemos de lidar com situações mais simples. Ficamos ignorantes por dias, meses, até que abrimos uma gaveta que não abríamos fazia tempos. Ainda abaixamos a cabeça pra pessoas que nada nos acrescenta somente por sermos do bem. E vacilamos com quem menos merecia, com quem acredita mais em nós do que nós mesmos. Por que isso é o mais comum? Por que “emburrecemos” tantas vezes por ano? Porque somos como um quarto cheio de coisas, temos que limpar e filtrar tudo o que entra a todo tempo. Dane-se a decoração, se for do seu gosto. Seu estilo de vida é seu, se não faz mal aos outros, também aos outros não deve importar. Viver já importa muito, não bastaria isso?
E fazer algo de bom simplesmente por fazer, tem preços altos com juros. Porque as pessoas não acreditam nas outras. Ainda tentam me convencer que tudo gira acerca de interesses além da particularidade, e aquém do altruísmo. Em 3 décadas ainda não absorvi essa idéia, ainda acredito nas palavras sinceras, sejam mentiras ou devaneios, sejam sonhos ou receios, seja lá o que for, eu não tenho medo das pessoas. Tenho medo de mim por confiar, e assim me colocar em risco, em perigo. Esse paradoxo urbano me traz a exaustão. Só me descansa quando fecho a porta de casa e assim me livro do mundo. Quando me deparo com o olhar curioso do meu cão que parece ver traduzida a minha fadiga, e só abana o rabo. Ele é leal também. Porque há uma certa diferença entre abanar o rabo pras pessoas, e ser leal à elas. Há quem não conheça essa diferença, e lambe os pés de quem se cogita ser o dono, ou quem cuida por cativar.
Olha só o que achei na minha gaveta, fotos antigas, de gente que não existe mais. Senti saudades.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Depois de um ano... 29.




Hoje eu te desejo o novo, que mude todos os seus costumes.
Acorde mais cedo, e leve uma hora a mais pra se arrumar
E se arrume pro espelho
Coma chocolate, e não fume nenhum cigarro
Deixe pra trás o que não te agrada, e olhe só para frente
Goste mais de você. E veja os problemas de antes como indiferentes pra vc agora.
Sorria por nada. Acredite que vai emagrecer o tanto que quer. E vai receber enfim
o dinheiro que te devem, quando você menos esperava.
Se inspire. Escreva o que vier à mente. Faça uma tatuagem nova. Mude o cabelo, nem que seja um corte de um centímetro.
Ligue pros seus pais pra dizer que os ama. Faça isso umas 3 vezes, até eles perguntarem o que está acontecendo, e perguntem o que você quer, e tenha o prazer de dizer "nada, além de dizer isso".
Não leia frases motivadoras.
Seja você mesmo, melhorado.
Não se importe mais com as pessoas que você está cansado de saber que falam de você, reclama, criticam, te acham chato, enfim, quem vc incomoda de alguma maneira. Lembre-se de quem é vc, e só vc sabe isso tão bem. Quem tem que saber disso tbm, seus amigos de verdade, família, já sabem.
Algumas pessoas queriam estar onde vc está, não te entendem ou não gostam mesmo de vc. Todas as opções são de igual teor pra vc só ter mais firmeza de que o contole do seu mundo está só em suas mãos, então guie-se para longe delas.
Não fale mal de ninguém, senão se tornará pior que o mal falado.
Mande um oi pros amigos antigos que não fala faz tempo, eles nos fazem lembrar de nós mesmos, quando nos esquecemos disso.
Aprenda algo novo, e busque realizar um velho sonho adormecido.
E durma do lado contrário da cama, invertido do de costume.
E o principal, cada vez que tiver vontade de reclamar de algo, coma mais chocolate. Antes de ficar gordo, vai aprender a reclamar menos.

Enfim, feliz por achar o que tinha perdido.

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Daqui uma hora eu completo 29 anos. Parei um pouco pra refletir sobre o último ano e lembrei de todos em segundos. Eu tinha 7 quando pedi pra minha mãe uma bateria, e ela me deu um teclado. Então nunca aprendi a tocar nem um, nem outro direito.
Desisti e resolvi aprender a cantar. Honestamente acho que nunca aprendi direito, então estudo até hoje.
Eu quisser muitas coisas, entrar pra marinha, bióloga, radialista, e acabei mesmo sendo algumas coisas das que quis. Também não fui muita coisa que gostaria, umas não faziam sentido, eram coisas de adolescente, outros sonhos nasceram na infância e me perseguem ainda hoje.
Minha mãe me dizia quando eu tinha 12 anos que eu deveria ser um das madres de Caucutá... rs porque eu queria parar pra ajudar todo mundo que via na rua, todo mendigo, alguém chorando, criança com fome. Hoje eu entendo como era foda pra ela me convencer que não é possível ajudar todo mundo. Eu me tornei individualista, mas ainda assim não menos autroísta.
E avaliando todos esses anos, percebo que isso nunca mudou. Mudaram-se os gostos. Não adianta dizer que nunca faríamos algumas coisas. Sei que tem coisa que nunca faríamos, mas tem coisas que nunca imaginávamos fazendo, que um dia se torna natural.
Eu achava que com 29 anos eu estaria numa vida completamente diferente. Que já teria largado a música, que teria enriquecido com a minha profissão de jornalista, e estaria viajando o mundo. E de repente, eu parei no meio do caminho.
Porque eu nunca consegui ficar muito tempo em um lugar, essa síndrome de "quero ir embora" sempre fez parte do meu âmago. Quando eu era bem mais nova, uma das minhas atividades preferidas era fazer as malas. Quando íamos viajar, eu fazia as malas como se nunca mais fosse volta pra casa. Sempre voltei com aquela sensação de "quando será que vou viajar de novo?" Muitas síndromes, síndrome do viajando, do "eu não sou daqui" e do "quero salvar o mundo".
A gente acha que sabe tudo porque completa 20 anos. E bate de frete com todos os que tentam nos convencer do contrário. E o engraçado é hoje ser o personagem oposto.
Tudo bem que sempre fui mais além, sempre me vi à frente do meu tempo, e com o passar do tempo, quis parar de envelhecer. Chega de tentar chegar lá na frente logo, então sempre vivi cada momento bem definida no presente. Sempre fui um pouco arredia, um pouco excêntrica, mas sempre centrada, sempre pensando no correto. Às vezes correta até demais. Nunca gostei de extremos, sempre sofri com o sofrimento alheio. Choro quando vejo na TV algum desastre ecológico absurdo, sempre amei mais os bichos do que gente.
Principalmente os cachorros. Tenho cachorro desde que me entendo por gente, graças à minha mãe. E quando saí de casa, quis ter só o meu. Como um bom ser individualista, descobri que viver com um animal nunca é ruim. Conviver com pessoas, por mais que as ame, pode ser muito bom, e pode ser um pouco ruim.
Aprendi nesse tempo que não devemos acreditar em tudo o que a gente escuta, as pessoas realmente mentem, sem nenhum motivo aparente pra gente. Intrigas não existem só em novelas, e a vida também pode ser exatamente como a gente quiser. E programar tudo é tão chato...
Mas pode-se fazer escolhas. E eu escolhi viver, e viver bem.
Mesmo que tenha me faltado algo, hoje tenho tudo o que gostaria de ter, e sei que terei mais.
Sou feliz com os meus, e indiferente com os que não estão pra mim. Cada um na sua, não sou unanimidade. Como dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Salve os que pensam!
Essa é apenas parte das reflexões de véspera de aniversário. Veremos como vai ser o resto do dia, pq não tenho mais tempo pra escrever, em algum momento preciso dormir.
Que venham os 29!