sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A quem interessar possa...

Seria interessante se eu contasse toda a verdade sem pudores, porque pudor rege as pessoas, e qualquer desprendimento é interessante. O que há de bizarro nas pessoas é interessante. E a exposição de pensamentos íntimos e constrangedores tornam as pessoas ainda mais interessantes. Porém existem medidas. Se expor demais torna as pessoas, em um momento, desinteressantes. Ninguém quer saber, pois acabam os desafios. Então se eu revelar o que acho de cada pessoa, seja do meu convívio, seja público, se de fato isso interessasse pra alguém, eu seria ou extremamente interessante, ou passaria a ser uma interessada.
Não, eu não quero me interessar. Não quero saber, e tão pouco que saibam de mim mais do que equivocadamente pensam saber. Sou muita informação. Muitas interrogações pra sua cabeça.
Sou quem no fundo interessa ser, quem você quiser que eu seja. Sei quase todas palavras, ainda assim temo em verbalizar o que penso. E quando vem a dúvida, penso num palavrão. É hora de parar, não importa quem estiver olhando. Porque às vezes falo muito, e penso pouco. Mas meu silêncio é pura reflexão. Como dizia Nelson Rodrigues, se pudéssemos ler pensamentos, ninguém falaria com ninguém. Obviamente não porque não precisasse, mas porque o ser humano é sujo e imoral. Uns mais interessantes que os outros.
Uns lêem livros de auto ajuda, outros lêem Hilda Hist. Uns rezam pra se afastar do pecado, outros rezam pra chegar o momento de cometê-los, e ainda se arrumam pra isso.
Ode aos hipócritas que não agem como pensam. Meus reconhecimentos a quem se preserva às tentações. E não me interessa o que muitos pensam, pois MUITOS fazem uma massa, e não uma diferença. Quem é interessante sim, faz a diferença. Não busca, traz pra si.
Pra quem está lendo, muito prazer. Em tudo o que fizer, realize-se. Indiferente do que eu disser, siga em frente, seja melhor em tudo, porque eu sou. Não interessa? Ah, interessa sim. Quando for deitar e rever o dia, vai rir sozinho e se lembrar de mim. Dessas palavras sem nexo pairando no ar do vácuo dos seus pensamentos vazios, onde criará seus próprios pensamentos surreais como sonhos, onde se torna quem nunca és nos seus dias. A pessoa interessante que não sabemos ser.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"A retórica do transeunte da cena" é o meu êxito. Que se foda!




Às vezes, depois de tantos anos vivendo na cena musical no Brasil, tenho vontade de dizer que é tudo uma grande perda de tempo. Tem gente muito talentosa desperdiçada em meio a tanta futilidade. Gente que surgiu de lugar nenhum, e toma a arte como um meio de iluminação interior, e há quem não vai a lugar nenhum e pousa sob holofotes por achar ser a única maneira de ser visto. Gente que mal fala e escreve o português, sua língua de origem, e se aventura em se aproximar daqueles que vem d’outro lado do oceano com a excelência de um ilustre representante tupiniquim. Pior é a injusta batalha de quem estuda, gradua e gradua, se dedica, e tem que se submeter àqueles que mal sabem diferenciar letras, pontos e vírgulas. Produtores de meia tigela que não respeitam músicos que são graciosos ao manusear seus instrumentos tão bem polidos e afinados. Não sabem o valor de um contrato, o que dirá de manter sua palavra.
Entendo que em qualquer profissão já encaramos mal informados com postura de gigantes intelectuais, entendedores do assunto. No Jornalismo, ainda existem os “intelectualóides”. Na música, nem isso. Canso de ver meninos que nem chegaram aos 18 e se intitulam músico por tocarem alguns dó ré mi, batucarem melodias fáceis ou, embolam em 4 cordas, e levantam a cabeça pra falarem com veemência “sou macaco velho, sei tudo da cena”. Quando ouço isso, sinto vergonha. Sim, eu tenho ainda vergonha alheia. Eu me orgulho de gente nova que realmente se dedica, faz bonito e ainda assim sabe reconhecer o seu lugar.
Eu trabalhava em um escritório na mesma casa da sala do Ulisses, que é luthier há 20 anos, roadie do Ultraje e do CPM22, e realmente um virtuose na guitarra. Sei por ouvi-lo testando as guitarras que concerta enquanto fotografava alguém, ou trabalhava no computador. E ele sempre entrava na minha sala quando estava de bobeira e perguntava com o que eu estava trabalhando no momento. E entre as conversas, contava algumas dessas coisas que ouvi. Ele ria irônico, e dizia que trabalhar com moleque é foda, ainda mais com moleque que pensa que é músico, e ouvia as experiências dele. E ele ouvia as minhas, contava muita coisa interessante que estava fazendo, e ouvia dele onde eu acertava e errava. Ele respeita muito meu trabalho, viu muitas vezes a minha correria, viu o quanto eu suava pra fazer direito as coisas pra gente que não dava muita importância pra um trabalho rebuscado e detalhado. E ficava revoltado, falava pra eu mandar pra pqp. Ter o respeito de gente assim, me faz entender que estou no caminho certo.
Trabalhando com algumas bandas, mais que acostumada com aquele conflito de egos, alguns com pose de pomba pra mostrar pra única mulher que está no meio que é “o cara”, mas agem com arrogância quando ouvem de uma mulher algo que discordem. Isso sempre acontece, desde o começo.
E mesmo no meio de um turbilhão de trabalho e correria, ainda quero sempre estar no meio desse trabalho de louco até hoje.
Quando chego nas minhas aulas de canto, o Lyba pergunta se eu tenho ido ao otorrino, por não entender o porquê de eu estar ainda rouca, mesmo não fumando, não bebendo, nem água gelada, ser sempre cuidadosa. “Estresse, vai tudo pra garganta”. Quando conto como está o trabalho, ele diz que isso é pra eu lembrar de diferenciar músico de artista. Quem é músico, se mete a tocar e tocar cada vez melhor, e quem é artista, quer estar em evidência em qualquer lugar, mesmo fora dos palcos. E concluímos como isso acontece em todos os cargos que envolvem a arte. Os jornalistas, fotógrafos, toda mídia. Porque na verdade muitos jornalistas que escrevem sobre música são músicos frustrados, outros querem “gozar com o pau dos outros”, e outra parte gosta mesmo do que está fazendo, e entende pra valer do que escreve. O triste é que há muitos ainda que nem escrever sabem, e desrespeitam pessoas talentosas que chegaram onde estão com menos esforço, sem esquentar a cabeça, com educação, sem indicação.
Nessa correria conheci há poucos meses um jornalista bem mais novo do que eu, mas que eu tenho tomado como exemplo. Ele tem 23 anos, já ganhou prêmios, é cordial e educado sempre, e escreve extremamente bem. Até mesmo em espanhol. O Gallo é um rapaz que merece destaque, e todo o meu respeito e homenagem por todas as coisas incríveis que foi capaz de me dizer sobre se erguer diante da vida de jornalista.
Na minha primeira semana de paz depois de fechar o estúdio, me afastar de todos os meus trabalhos e pessoas, ficando reclusa dias em casa sozinha refletindo e escrevendo, breve férias na verdade, comecei a colocar em prática muitas dessas coisas que ouvi. E claro, minha voz ficou limpa do dia pra noite.
Voltei a seguir noite à dentro escrevendo, produzindo. Tratei todas as fotos pendentes, reli e refiz projetos antigos. E entrei em contato com todos os trabalhos interessantes que eu fazia e abandonei pra realizar o sonho de ser dona do meu trabalho. Hoje entendo como é difícil pra alguns chefes que eu tive tocar um veículo, um escritório, uma empresa. Mas entendo que eles existem pra eu ter liberdade de trabalhar pra eles quando quiser ou for necessário, e que não devem descontar nada em quem está ali pra apoiar. Não quero mais estar presa aqui, ou em qualquer lugar. Ainda adoro fazer as malas, e desafios, não sei viver de modo diferente. Tentei, juro que tentei. Mas como diz a Cica, “me dê quente ou frio, morno eu vomito” hahahaha. Antes tinha medo de tentar, hoje não tenho medo de nada nem ninguém.
“Tenho medo é da ignorância”. Tenho tanto zelo e medo de parecer ser ignorante, que não entendo quem não se preocupa em mostrar que sabe o que está fazendo.
Prefiro ficar uma noite inteira numa festa ouvindo Yuri bebendo e falando de Kafka, eu pago pra ouvir o Mister Lúdico falando de Krishna por horas numa festa da MTV. Até Humberto Finatti falando de seu trabalho numa balada eu encaro , afinal um jornalista brasileiro de verdade tem que sentir o glamour clichê do que lhe é boêmio ao menos uma vez na vida. Isso tudo é ótimo!
Mas tenho vontade de bater em alguém quando encaro gente que não respeita toda a trajetória de quem sabe o que faz, e ainda quer ser pedante comigo. Comigo não! Nem a minha mãe. E pra quem sabe o que ela representa e quem é no mundo acadêmico, entende bem do que estou falando. É, também sei ser pedante se preciso for. Ainda prefiro ser educada e tirar por menos, mas apesar de ter muita intensidade em me preservar a tudo, alguns dizem que sou brava mesmo. Sou, pra me distanciar de gente que só tende a invadir o meu espaço.
Se estou revoltada com alguma coisa? Ainda deixei dúvidas sobre isso? Porque eu procuro base em tudo o que vou fazer, fundamento, e quem não sabe o que fala, não entenderia isso. Falo do meu mundo profissional, cheio de transeuntes que vão passar e não vão se firmar, porque quem não tem competência, não adianta, não se estabelece.
Quando eu me graduei em 2003, estava já de saco cheio de escrever e falar de música (já tinha 5 anos de rádio), então como boa nerd que sou, resolvi escrever sobre Jornalismo e Literatura. Eu enfrentei uma fila de manhã cedo no setor de Estudos Literários da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) pra poder conseguir uma vaga como aluna especial no Mestrado de Estudos Literários, já que eu estava no 7º período da graduação ainda. Consegui e estudei um período inteiro a disciplina Teoria da Literatura I. Pra poder saber o que falar quando fizesse minha monografia. Não queria eternizar um texto falando bobagens. A gente faz isso muitas vezes nos trabalhos eventuais de sala de aula, mas quando é pra falar sobre algo, sempre me exigiram saber falar.
Então eu só abro a boca ou só me proponho a fazer algo que tenho segurança. E hoje eu nem tenho receio de dizer que sei fazer bem. Mas reconheço minhas limitações, e por isso estou em constante estudo. Só ainda estou aprendendo a fotografar. Ainda tenho vergonha de assinar a palavra “fotografia” na frente do meu nome. Mas estou começando a tentar, acho que já posso. Não é ironia, não uso ironias quando falo sério.
Só ainda tentei fugir da maldita música. Maldita sejam as orquestras, as bandas, as duplas, a batidas nas caixinhas de fósforo. Todos que ali estão, estão no mesmo espírito. Uma vez entendendo isso de verdade, você se vê como a própria música.
Acredito que desde os tocadores de arpa no Japão até quem toca dijiridu na Austrália já deve ter pensado assim. Mas desisti de fugir disso, sempre que tento, faço tudo mal feito.
Resumindo, é um caminho sem volta. Entra no sangue, faz falta. É como um namorado que a gente briga, e mesmo assim vai lá e casa com o sujeito. É uma “cena” ingrata, muitas vezes injusta, mas o amor é cego, a gente faz as pazes e comemora como o final feliz de um enlatado americano, com “The Impression that I get” dos Mighty Mighty Bosstones de fundo.

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Revirando o Baú



Nada melhor que amigos antigos para nos lembrar quem somos. Mas melhor ainda pra saber como mudamos, ou continuamos sendo os mesmos, é revirar projetos antigos. Todos temos arquivos perdidos no micro, ou papéis em caixas no quarto. Não tem tristeza que agüente o quanto é engraçado ver algumas anotações antigas, e lembrar como a gente flutua às vezes, como já tivemos idéias grandiosas, outras tão ridículas, e que algumas não entendemos porque não abraçamos na época.
Então eu posso dizer com propriedade que, se você se sente um pouco perdido, com vontade de ter acertos com você mesmo, a melhor coisa a ser fazer, que eu sempre digo aos amigos: arrume seu quarto! Mas não uma ajeitada como sempre, simplesmente coloque ele abaixo! Abra todas as gavetas, jogue fora o que realmente nunca usa e nem nunca vai usar. Mas tem coisas, que por mais inúteis que pareçam ser, te fazem lembrar. Lembrar de algo, de alguém, ou de como você era. Tente reservar um espaço só pra essas coisas. Uma caixa, ou um espaço na gaveta. Coisas que podem atravessar o tempo, mas sempre farão parte de alguma história sua, e que quando esquecermos de nós mesmos, olhamos e vamos rir.. rir da gente!
No dia-a-dia damos importância demasiada à coisas ínfimas, diante do nosso tamanho. Quando nos sentimos grandiosos, tudo em volta diminui. Quando nos encolhemos e retraímos, tudo em volta parece ser um gigante, e são plenos os problemas que seriam menores que sua auto-estima.
Uma frase que não esqueço, e que escutei em um dos últimos momentos que ainda estava perdendo forças diante de tanto trabalho e agitação dos meus dias, foi que eu tenho potencial pra muita coisa, mas era uma pena eu não acreditar em mim. Desde esse dia, parei pra refletir quão patética pessoa eu me tornara. Logo eu que não medira esforço algum para alcançar a altura que eu estava me equilibrando, esqueci de como foi o caminho no todo, só por conta do último tropeço que feriu meus pés. Uma caminhada pode ter percalços, nem por isso o caminho não continua sendo o mesmo.
Tudo isso pode soar clichê, mas a vida é um imenso de ja vú, cansamos de ver as mesmas cenas, e ainda assim conseguimos esquecer as mais importantes lições quando mais precisamos. Esquecemos de lidar com situações mais simples. Ficamos ignorantes por dias, meses, até que abrimos uma gaveta que não abríamos fazia tempos. Ainda abaixamos a cabeça pra pessoas que nada nos acrescenta somente por sermos do bem. E vacilamos com quem menos merecia, com quem acredita mais em nós do que nós mesmos. Por que isso é o mais comum? Por que “emburrecemos” tantas vezes por ano? Porque somos como um quarto cheio de coisas, temos que limpar e filtrar tudo o que entra a todo tempo. Dane-se a decoração, se for do seu gosto. Seu estilo de vida é seu, se não faz mal aos outros, também aos outros não deve importar. Viver já importa muito, não bastaria isso?
E fazer algo de bom simplesmente por fazer, tem preços altos com juros. Porque as pessoas não acreditam nas outras. Ainda tentam me convencer que tudo gira acerca de interesses além da particularidade, e aquém do altruísmo. Em 3 décadas ainda não absorvi essa idéia, ainda acredito nas palavras sinceras, sejam mentiras ou devaneios, sejam sonhos ou receios, seja lá o que for, eu não tenho medo das pessoas. Tenho medo de mim por confiar, e assim me colocar em risco, em perigo. Esse paradoxo urbano me traz a exaustão. Só me descansa quando fecho a porta de casa e assim me livro do mundo. Quando me deparo com o olhar curioso do meu cão que parece ver traduzida a minha fadiga, e só abana o rabo. Ele é leal também. Porque há uma certa diferença entre abanar o rabo pras pessoas, e ser leal à elas. Há quem não conheça essa diferença, e lambe os pés de quem se cogita ser o dono, ou quem cuida por cativar.
Olha só o que achei na minha gaveta, fotos antigas, de gente que não existe mais. Senti saudades.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Depois de um ano... 29.




Hoje eu te desejo o novo, que mude todos os seus costumes.
Acorde mais cedo, e leve uma hora a mais pra se arrumar
E se arrume pro espelho
Coma chocolate, e não fume nenhum cigarro
Deixe pra trás o que não te agrada, e olhe só para frente
Goste mais de você. E veja os problemas de antes como indiferentes pra vc agora.
Sorria por nada. Acredite que vai emagrecer o tanto que quer. E vai receber enfim
o dinheiro que te devem, quando você menos esperava.
Se inspire. Escreva o que vier à mente. Faça uma tatuagem nova. Mude o cabelo, nem que seja um corte de um centímetro.
Ligue pros seus pais pra dizer que os ama. Faça isso umas 3 vezes, até eles perguntarem o que está acontecendo, e perguntem o que você quer, e tenha o prazer de dizer "nada, além de dizer isso".
Não leia frases motivadoras.
Seja você mesmo, melhorado.
Não se importe mais com as pessoas que você está cansado de saber que falam de você, reclama, criticam, te acham chato, enfim, quem vc incomoda de alguma maneira. Lembre-se de quem é vc, e só vc sabe isso tão bem. Quem tem que saber disso tbm, seus amigos de verdade, família, já sabem.
Algumas pessoas queriam estar onde vc está, não te entendem ou não gostam mesmo de vc. Todas as opções são de igual teor pra vc só ter mais firmeza de que o contole do seu mundo está só em suas mãos, então guie-se para longe delas.
Não fale mal de ninguém, senão se tornará pior que o mal falado.
Mande um oi pros amigos antigos que não fala faz tempo, eles nos fazem lembrar de nós mesmos, quando nos esquecemos disso.
Aprenda algo novo, e busque realizar um velho sonho adormecido.
E durma do lado contrário da cama, invertido do de costume.
E o principal, cada vez que tiver vontade de reclamar de algo, coma mais chocolate. Antes de ficar gordo, vai aprender a reclamar menos.

Enfim, feliz por achar o que tinha perdido.

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Daqui uma hora eu completo 29 anos. Parei um pouco pra refletir sobre o último ano e lembrei de todos em segundos. Eu tinha 7 quando pedi pra minha mãe uma bateria, e ela me deu um teclado. Então nunca aprendi a tocar nem um, nem outro direito.
Desisti e resolvi aprender a cantar. Honestamente acho que nunca aprendi direito, então estudo até hoje.
Eu quisser muitas coisas, entrar pra marinha, bióloga, radialista, e acabei mesmo sendo algumas coisas das que quis. Também não fui muita coisa que gostaria, umas não faziam sentido, eram coisas de adolescente, outros sonhos nasceram na infância e me perseguem ainda hoje.
Minha mãe me dizia quando eu tinha 12 anos que eu deveria ser um das madres de Caucutá... rs porque eu queria parar pra ajudar todo mundo que via na rua, todo mendigo, alguém chorando, criança com fome. Hoje eu entendo como era foda pra ela me convencer que não é possível ajudar todo mundo. Eu me tornei individualista, mas ainda assim não menos autroísta.
E avaliando todos esses anos, percebo que isso nunca mudou. Mudaram-se os gostos. Não adianta dizer que nunca faríamos algumas coisas. Sei que tem coisa que nunca faríamos, mas tem coisas que nunca imaginávamos fazendo, que um dia se torna natural.
Eu achava que com 29 anos eu estaria numa vida completamente diferente. Que já teria largado a música, que teria enriquecido com a minha profissão de jornalista, e estaria viajando o mundo. E de repente, eu parei no meio do caminho.
Porque eu nunca consegui ficar muito tempo em um lugar, essa síndrome de "quero ir embora" sempre fez parte do meu âmago. Quando eu era bem mais nova, uma das minhas atividades preferidas era fazer as malas. Quando íamos viajar, eu fazia as malas como se nunca mais fosse volta pra casa. Sempre voltei com aquela sensação de "quando será que vou viajar de novo?" Muitas síndromes, síndrome do viajando, do "eu não sou daqui" e do "quero salvar o mundo".
A gente acha que sabe tudo porque completa 20 anos. E bate de frete com todos os que tentam nos convencer do contrário. E o engraçado é hoje ser o personagem oposto.
Tudo bem que sempre fui mais além, sempre me vi à frente do meu tempo, e com o passar do tempo, quis parar de envelhecer. Chega de tentar chegar lá na frente logo, então sempre vivi cada momento bem definida no presente. Sempre fui um pouco arredia, um pouco excêntrica, mas sempre centrada, sempre pensando no correto. Às vezes correta até demais. Nunca gostei de extremos, sempre sofri com o sofrimento alheio. Choro quando vejo na TV algum desastre ecológico absurdo, sempre amei mais os bichos do que gente.
Principalmente os cachorros. Tenho cachorro desde que me entendo por gente, graças à minha mãe. E quando saí de casa, quis ter só o meu. Como um bom ser individualista, descobri que viver com um animal nunca é ruim. Conviver com pessoas, por mais que as ame, pode ser muito bom, e pode ser um pouco ruim.
Aprendi nesse tempo que não devemos acreditar em tudo o que a gente escuta, as pessoas realmente mentem, sem nenhum motivo aparente pra gente. Intrigas não existem só em novelas, e a vida também pode ser exatamente como a gente quiser. E programar tudo é tão chato...
Mas pode-se fazer escolhas. E eu escolhi viver, e viver bem.
Mesmo que tenha me faltado algo, hoje tenho tudo o que gostaria de ter, e sei que terei mais.
Sou feliz com os meus, e indiferente com os que não estão pra mim. Cada um na sua, não sou unanimidade. Como dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Salve os que pensam!
Essa é apenas parte das reflexões de véspera de aniversário. Veremos como vai ser o resto do dia, pq não tenho mais tempo pra escrever, em algum momento preciso dormir.
Que venham os 29!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Muitos pensamentos, poucas palavras


"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante..."

Pablo Neruda


Quero viver intensamente, só espero os dias me deixarem. Que sejam melhores amanhã...

#MeL NadeR#

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Crônica de uma displicente


Queria declarar, desabafar, dizer...
Eu sou humana. É, é fato...
E às vezes até ajo como uma pessoa normal, acredita?
É verdade. Às vezes, mas é verdade. E não me importo se nos outros momentos faço diferente, ou faço a diferença.
Gosto de destacar o que faço, aprecio o belo, o desafio. Mas também ando descalça na lama se me der vontade, mesmo que sujo. Mas nunca caminhos mais convenientes.
Mas procuro paz, não carrego o peso de ninguém. Desisti até dos meus, levar peso atrasa o ritmo, faz andar devagar. Cientificamente comprovado.
Defino meu humor e meus dias em cores, mesmo no frio os felizes são mais laranjas, e peco em dias cinzas, porque quando eu sou normal eu erro também. Perco a paciência com o que não supera as minhas expectativas. É, eu sou doce simplesmente porque sou do bem, mesmo que errante, e porque me faz feliz fazer pessoas felizes. Mas sou rude quando não me cabe mais pensar, medir, pensar no outro lado, e das outras vezes quando me obrigam.
Não sou 100% nada. Nem nas qualidades, nem nos defeitos. Tenho que saber lidar com pessoas, mas me desligo do mundo e fico aqui sozinha pensando em nada, ou só no que me convém, só porque eu posso. Sou desligada, esqueço nomes, não ligo pra muita coisa à minha volta, mas presto muita atenção nas pessoas, eu sinto mesmo a energia delas. Eu vejo além de atitudes que não me fazem diferença. Acho que todo mundo tem algo, mesmo que não pareça. Não subestimo ninguém no mundo. E nem superestimo, jamais.
Faço tudo o que quero, nada que prejudique ninguém, às vezes a mim mesma, mas faço o que eu quero, eu escolhi viver assim. Se eu pudesse escolher o que seria na vida, eu voltaria da mesma maneira. É pra isso que corro, trabalho, e abri mão de muito. Difícil mudar, endureço mais a cada dia, mas sou muito feliz. Não devo nada a ninguém (além de dinheiro), isso é muito cômodo a mim. É, é covardia também. Posso ser covarde, nunca disse que não era. Mas tenho coragem pra assumir isso.
Mas lembra que sou normal? Então às vezes eu quero tentar fazer as coisas de outras formas, normais, padrões... ser igual a todo mundo. E o que se ganha com isso,
já que o que as pessoas procuram é o contrário? Deve ser porque eu já fui lá na frente e voltei, agora ando no sentido que eu inventar.
Como Constantine indo ao inferno, lembra que seu tempo não condiz com o tempo das outras pessoas? À não ser com quem já está lá. Bom, na vida real cada um tem seu tempo, e o tempo às vezes cansa.
É isso, como normal, também me canso. Canso de esperarem tudo de mim. Não esperem, eu posso ser uma farsa. Não adianta ser confiável, discreta, amável, se basta um dia você escorregar pra ser crucificado. Mas o contrário condiz ainda menos. Então, não mudo a minha natureza. Mesmo que eu seja passível de queda, continuo sendo eu, querendo ser o bem, querendo cuidar do mundo que estiver à minha volta. E também não me importar nem um pouco pra nada quando eu simplesmente acordar querendo que o mundo decida se quer a minha presença ou não, e não eu ter que me encaixar nele. Só uma coisa não muda, a honestidade. Na minha vida não cabe o que não é honesto. Não dormiria sem isso. E não suporto ironia. Não uso ironia. Parece uns discurso irônico? Acredite, não é.
Hoje me sinto assim, displicente, até debochada eu diria, afim de dizer o que pensar.
Não sou só uma casca, tenho mesmo muito o que dizer. É, eu verbalizo bastante, mas nem é um terço do que passa na minha cabeça. É, vai dar conta se eu falasse tudo!Então, não se engane com a cara de anjo que vir na sua frente, pode ter um mundo intenso aí dentro. Justo, porém nem todo quintal terá flores nesse mundo. E se não gostar do meu quintal sem flores, eu realmente sinto muito, só posso aconselhar passar direto e bater na porta do vizinho, e perder a minha festa, que não dá pra ouvir da rua.



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Inaugurando novo blog!

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